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Perspectivas do Bom Viver

Terça-feira, 17 de julho

Local: Universidade de Viena, AudiMax, Dr. Karl-Lueger-Ring 1 - renomeado "Universitätsring", 1010 Viena


Conferência: O Bom Viver, além do desenvolvimento

Conferencista: Alberto Acosta, FLACSO (Equador)

Terça-feira, 17 de julho, 14:30 - 15:30 horas

A América Latina, partindo de uma renovada crítica do desenvolvimento convencional, acha-se imersa num processo de reencontro com as suas origens. Por um lado, quer-se manter e recuperar uma tradição histórica de críticas e questionamentos que foram formulados e apresentados desde as Américas há muito tempo já, mas que depois ficaram relegados e ameaçados pelo esquecimento. Por outro lado, ganham força outras conceições, especialmente as originárias dos povos e nações ancestrais do Abya Yala, mas também as provenientes de outras regiões da Terra.

As suas expressões mais conhecidas estão registradas nas constituições do Equador e da Bolívia: o Bom Viver ou sumal kawsay (em kichwa), o Viver Bem ou suma qamaña (em aymara) e o sumal kawsay (em quéchua). Além destas visões existem outras aproximações e pensamentos filosóficos relacionados em certa maneira com a procura do Bom Viver desde ideias filosóficas surgidas em diversas partes do planeta. O sumak kawsay, enquanto que cultura da vida com diversos nomes e variantes, foi conhecido e praticado em diferentes épocas e diferentes regiões da Mãe Terra: mesmo se poderiam relacionar com elementos da “boa vida” de Aristóteles. O Bom Viver, portanto, não constitui uma originalidade nem uma novidade surgia dos processos políticos de começos do século XXI nos países andinos. O Bom Viver faz parte de uma longa procura de alternativas de vida originadas no contexto geral da luta da Humanidade pela emancipação e pela vida.

Com a sua postulação de harmonia com a natureza, com a sua oposição ao conceito de acumulação perpétua, com a sua volta para valores da utilização, o Bom Viver, enquanto que proposta aberta e em construção, abre as portas para a formulação de visões alternativas da vida. O Bom Viver, em resumo, propõe uma mudança de civilização.

 

Alberto Acosta Espinosa:

Nascido em Quito o 21 de julho de 1948, realizou estudos de Geografia Econômica e Economia, com especialização na Economia da Energia, na República Federal da Alemanha (1974-79), revalidando mais tarde o título de economista na Faculdade de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Equador (1981). Atualmente, desde 2008, é professor-investigador da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO) e Coordenador de Análise da Conjuntura política, social e econômica. Alberto Acosta Espinosa foi Ministro de Energia e Minas do Equador, de janeiro a junho de 2007, e Presidente da Assembleia Constituinte em Montecristi, Manabí, do 29 de novembro de 2007 ao 24 de junho de 2008 (Membro da Assembleia até o 24 de julho de 2008).



Mesa-redonda

„O Bom Viver como reposta à crise global?”

Terca-feira, 17 de julho, 15:30 - 17:00 horas

Existe uma contradição fundamental quanto ao desenvolvimento histórico e ao atual: por um lado, o bem-estar das sociedades e o espaço político do Estado estão demasiado baseados no crescimento econômico; por outro lado, os modelos dominantes de crescimento e as consequências não intencionadas do industrialismo geram uma considerável degradação do ambiente, em muitos casos sem contribuir para o acrescentamento do bem-estar. Isto faz com que a nível internacional surjam múltiplas discussões sobre formas mais amplas de entender o próprio conceito de bem-estar. Por exemplo, o 54 ICA celebrar-se-á justo depois da conferência Rio+20 em junho de 2012 sobre desenvolvimento sustentável e “economia verde”. Assim mesmo, nalguns países latino-americanos dão-se intensos debates e propõem-se políticas relacionadas com o conceito do Bom Viver ou Viver Bem. O que é que significa isto num contexto em que o modelo econômico da América Latina é ainda um modelo extrativista e em que os patrões de produção e consumo dominantes a nível global são maioritariamente não sustentáveis? O que é que podemos aprender de todos estes debates e experiências? Quais as implicações para a investigação e para a docência?


Participantes na mesa-redonda

Eduardo Gudynas, Centro Latino-americano de Ecologia Social (CLAES)

Nascido em Montevideo (Uruguai) em 1960 e Mestrado em ecologia social, Eduardo Gudynas é Secretário Executivo do Centro Latino-Americano de Ecologia Social (CLAES) / Desenvolvimento, Economia, Ecologia, Equidade América-Latina (D3E). A sua área atuação concentra-se nas estratégias de desenvolvimento sustentável de na América Latina, com especial ênfase na conservação da natureza, na situação das áreas rurais e nos limites e possibilidades que oferecem a integração regional e a Globalização para atingir a sustentabilidade. Atualmente, Gudynas é “Duggan fellow” da Natural Resources Defense Council (EUA). Anteriormente, foi investigador visitante na National Wildlife Federation (EUA) e experto no Programa de Desenvolvimento Local Sustentável Amazônico para os seis países da bacia amazônica da Fundação Friedrich Ebert. Desde CLAES organiza a coordenação da Rede Latino-americana e Caribenha em Ecologia Social, promovendo a Aliança Latino-americana de Estudos Críticos sobre o Desenvolvimento.

 

Joan Martinez-Alier, Universidade Autônoma de Barcelona

Nascido em Barcelona em 1939, Martinez-Alier é professor de História Econômica no Departamento de Economia e História Econômica da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) desde 1975 e diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia Ambientais da UAB, tendo sido também o diretor do programa de doutoramento de Ciências Médio-ambientais dessa instituição no período 1997-2008. Assim mesmo, Matinez-Alier foi investigador associado no St Anthony’s College da Universidade de Oxford e professor convidado na Universidade Estadual de Campinas de São Paulo em 1974, na Freie Universität de Berlim em 1980-81, no St Anthony’s College de Oxford em 1984-85, na Stanford University, na Universidad de California (Davis) em 1988-89, na Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (FLACSO) do Equador em 1994-95 e na Yale University em 1999-2000.

 

Ana Esther Ceceña, Universidade Nacional Autônoma de México

Ana Esther Ceceña realizou o seu doutoramento em Relações Econômicas Internacionais na Universidade de Paris I – Sorbona e, atualmente, é investigadora titular do Instituto de Investigações Econômicas da Universidade Nacional Autônoma de México. A sua área de investigação centra-se no estudo dos recursos naturais, dos movimentos sociais, da militarização e da hegemonia mundial. Ceceña é diretora do Observatório Latino-americano de Geopolítica (www.geopolitica.ws) e, desde 2006, membro do Polarization Project coordenado por Immanuel Wallenstein. Anteriormente, ela foi também coordenadora do grupo de trabalho “Hegemonias e emancipações” do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO) durante os anos 2000-2009, membro da Rede de Estudos da Economia Mundial (REDEM) e da Rede de Economia Global-Global Economy Network (REG-GEN), diretora da Revista Chiapas entre 1994 e 2004 e integrante do Júri do Prêmio Libertador ao Pensamento Crítico em 2010. Ana Esther Ceceña também é docente do programa de Pós-graduação em Estudos Latino-americanos da Universidade Nacional Autônoma de México.

 


Gabriela Kütting , State University de Nova Jersey

Gabriela Kütting é professora associada de Ciências Políticas e Relações Internacionais da Universidade Estatal de Nova Jersey Rutgers, Campus de Newark. A sua área de investigação centra-se no ambiente e nas políticas econômicas globais, com especial ênfase no estudo da equidade global e das relações entre a sociedade de consumo e a natureza. No contexto global das políticas ambientais, a maior parte da literatura analisa os problemas da gestão médio-ambiental a escala global a sua organização como fatores causantes desde os quais se procuram e definem as soluções. Como contraponto crítico, Gabriela Kütting argumenta que as causas degradação ambiental (e, consequentemente, as suas soluções) podem ser detectadas nas próprias origens sociais e estruturais do problema ambiental. Portanto, é imprescindível entender a dimensão histórica das relações entre ambiente e sociedade, bem como também as interações entre o ambiente e a economia ao longo da histórica. A verdadeira sustentabilidade exige uma sociedade justa e uma distribuição equitativa das vantagens e problemas médio-ambientais.

 

Moderação: Ulrich Brand, Universidade de Viena

Ulrich Brand (nascido em 1967) é professor de Política Internacional no Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Viena. Realizou estudos de ciências políticas e econômicas na Universidade de Frankfurt am Main, na Universidade Humboldt de Berlim e na Universidade de Buenos Aires, completando o seu doutoramento no ano 2000 na Universidade de Frankfurt. Desde abril de 2001 é professor assistente na Universidade de Kassel, Alemanha, na área de Ciências Políticas e Globalização, combinando esta função com a de professor convidado na UNAM de Cidade do México em 2001, na York University de Toronto em 2003, na Rutgers University de Nova Jersey em 2005 e na Universidade de Ciências Aplicadas de Bremen em 2006/07. Brand é o autor de diversas publicações sobre governação global, política econômica internacional, teoria do estado e regulação, ONGs e movimentos sociais no âmbito internacional, políticas médio-ambientais e outros muitos temas em relação com a América Latina. Brand é membro do grupo de investigação internacional “Alternativas ao Desenvolvimento” (“Alternatives to Development”), coordenado em Quito, bem como também membro experto da Comissão Investigadora “Crescimento, Bem-estar e Qualidade de Vida” (“Growth, Well-being and Quality of Life”) do Parlamento Alemão.

University of Vienna | Dr.-Karl-Lueger-Ring 1 | 1010 Vienna | T +43 1 4277 17575