Durante os anos da ditadura militar brasileira (1964-1985), surgiram diversas organizações de esquerda clandestinas, que optaram pela luta armada a partir de 1968. Sem espaços de atuação legal, a única maneira de enfrentamento ao regime ditatorial que restou a essas organizações foram as armas e a maioria delas se concentrou em ações urbanas. Nesse cenário, a exceção foi o Partido Comunista do Brasil, que pregava a luta armada mesmo antes do golpe militar, não participou de ações urbanas e tinha a intenção de instalar em solo brasileiro uma Guerra Popular Prolongada de inspiração maoísta.
Essa tentativa empreendida pelo PC do B ficou conhecida na historiografia como guerrilha do Araguaia e ocorreu na região norte do Brasil entre os anos de 1972 e 1974, tendo fim quando seus militantes foram exterminados pela repressão do estado brasileiro. Contudo a guerrilha do Araguaia é apenas uma parte, sem dúvida a mais dramática, do projeto de guerrilha rural que o partido pretendia desenvolver.
Nossa investigação pretende demonstrar a incompreensão do referido partido acerca da realidade nacional naquele momento, levando-o a projetar estratégias de transformação social que não tinham correspondência na realidade e que os levou também a uma avaliação errônea da correlação de forças existentes na época. Um dos aspectos a ser ressaltado é que, apesar de rejeitarem a experiência cubana como modelo, se apropriaram de idéia de que bastariam as condições subjetivas maduras em um pequeno grupo de revolucionários bem treinados e preparados para que se mobilizasse o restante da população e se fizesse a revolução, interpretação que é fruto da maneira como foi recepcionada a revolução cubana pela esquerda brasileira.
Atualmente a guerrilha do Araguaia tem sido objeto de intensos debates nacionais e internacionais e trazer a público as estruturas que deram lhe origem adquire extrema relevância na discussão historiográfica e sobre os direitos humanos.
Palavras-chaves: guerrilha rural, luta armada, violência revolucionária.
Autores: Patricia, MECHI (Universidade Federal do Tocantins, Brazil / Brasilien)
Co-Autores: Lilian Marta Grisólio Mendes (Universidade Federal do Tocantins, São Caetano do Sul, Brazil / Brasilien)