De Casa de Lava (1995) a Juventude em Marcha , uma mesma carta parece circular pelo cinema de Pedro Costa, inscrevendo no conjunto de filmes que a recebem questões de autoria, destinação, língua e temporalidade. Construída sobre uma carta enviada por Robert Desnos do campo de concentração, a carta de Ventura - que oscila entre oralidade e escrita, entre crioulo e português - é uma figura para a citação como princípio operativo nas estratégias de representação destes filmes, e encontra um contraponto na “morna das sombras” que pontua, em crioulo, o filme de Cabo Verde, a partir também de versos de Desnos. Esta comunicação procurará rastrear o modo como as palavras do poeta francês são absorvidas neste cinema através de um complexo jogo de apropriação e tradução, bem como as implicações desse movimento para a relação entre palavra e cinema que aqui se vai construindo.
Palabras claves: Pedro Costa, Robert Desnos, carta, apropriação, tradução
Autores: Rowland, Clara (Alameda da Universidade, Portugal / Portugal)