Ouro Preto, antiga capital de Minas Gerais tem um lugar de destaque no imaginário nacional brasileiro pela suas expressões históricas relacionadas às cenas do movimento de independência e liberdade, arquitetura colonial, expressões religiosas barrocas e de instituições de saber. Tomada pelo Estado como Patrimônio Nacional e reconhecida como patrimônio da Humanidade, a cidade é um museu aberto. Enquanto cidade patrimonial é um espaço de mediação entre a idéia da nação e eventos históricos que transcorrem na materialização da fisionomia da cidade e na constituição de relações sociais. No contexto dessa cidade símbolo nacional, a igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e de Santa Ifigênia, uma princesa negra, juntamente com Chico Rei (um rei africano que compra sua liberdade e financia a construção da igreja) tem uma significação notória para a comunidade que a circunscreve. Assim, a igreja (casa) e a santa equacionam-se a objetos culturais na perspectiva antropológica: são mediadores temporais (ontem, hoje e futuro) a evocar memórias subjetivas e coletivas, numa trama intertextual formado pelos fios das narrativas que arranjam tensões e convergências construindo marcadores da diferença de um dos segmentos étnicos sociais da cidade: a irmandade dos pretos de santa Ifigênia e os afro-ouro-pretanos.
Keywords: Ouro Preto, Patrimônio Cultural, Irmandade de Pretos, Santa Efigênia
Author: Manuel Ferreira, Lima Filho (Universidade Federal de Goiás, Brazil / Brasilien)