Leitura comparativa de obras da escritora brasileira Nélida Piñon e da escritora angolana Paula Tavares, a partir de uma análise do uso da língua portuguesa, em tensão com línguas originárias do Brasil e de Angola.
A ficção de Nélida Piñon assume a contramão da língua e da História, buscando sempre uma maneira surpreendente e original de pensar e "re-escrever" o Brasil. Há na obra da autora uma obsessão pelas origens e trajetória da língua portuguesa. A escritora mostra que, no Brasil, a língua portuguesa, em contato com as línguas indígenas e africanas, adotou ritmos e saberes outros. Nélida denuncia como a colonização portuguesa impôs seu idioma, dizimando as populações autóctones, descaracterizando suas culturas e silenciando as línguas indígenas como, por exemplo, o tupi, entre tantas outras.
Já os textos de Paula, seguindo os ensinamentos dos mais velhos guardiães de histórias de Angola, realizam uma alquimia da língua portuguesa, transformando o corpo das palavras em vozes e gestos transmissores dos costumes de cultura e de sua terra, a Huíla, região pastoril do sul angolano.
Palavras-chaves: tradição, modernidade, cultura, Brasil, Angola
Autores: Tindó Secco, Carmen Lucia (Universidade Federal do Rio de Janeiro/ UFRJ, Brazil / Brasilien)